terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dentro de uma organização, quem é que sabe?


Sabem as pessoas que, de algum modo, se relacionam com esta organização. Pessoas que trabalham ou estão presentes na cadeia de valor, como clientes ou fornecedores, e em alguns casos, ora como clientes, ora como fornecedores.
Alguns teóricos cometem o equívoco ao afirmar que as organizações detêm conhecimento. A rigor, as instituições nem sabem e nem conhecem.
Têm, sim, métodos e processos que, ao serem incorporados no dia a dia, podem se transformar em conhecimento.
Para Félix Guattari - filósofo francês que viveu no século XX - “a imaginação, a razão e o entendimento colaboram no conhecimento e formam um senso comum lógico”. Sabemos que máquinas e instituições não imaginam, nem raciocinam e nem entendem, e que estas faculdades são inerentes às pessoas.
Por isso, pessoas são um elo fundamental nas estratégias de Gestão do Conhecimento. Sem elas, esse processo vivo de imaginar, raciocinar e entender não existiria.
As pessoas, no entanto, precisam estar organizadas e serem incentivadas a compartilhar o conhecimento que foram capazes de construir. Um representante comercial de uma empresa, por exemplo, precisa ter consciência que o relatório que ele redigiu sobre uma visita a um cliente qualquer, quando lido por outros é nada mais que um ajuntamento de dados e informações.
Outros colaboradores da organização poderão compreender o que ocorreu na visita acessando esses dados e essas informações, mas o conhecimento somente será construído se eles tiverem a oportunidade de se imaginarem no lugar do representante, raciocinarem e entenderem as dificuldades enfrentadas na visita e as necessidades do cliente. Este processo pode ser facilitado pelo representante que fez a visita. Ele pode gravar um audiovisual onde conta como foi a experiência com o cliente e como este reagiu às argumentações de venda.
Dá para perceber como é diferente o relatório escrito, e comumente esquecido numa gaveta ou num escaninho digital, e o depoimento gravado?
Recursos como o audiovisual, bem organizados e tomados com objetivos claros, facilitam a absorção de experiências vividas por outros. Os colaboradores que não estiveram no cliente podem modificar o seu próprio trabalho incentivados e apoiados pela experiência do primeiro.
O processo de capturar as imagens e falas num depoimento, que depois será colocado à disposição para outros assistirem, faz parte de uma estratégia de Gestão do Conhecimento. Os que assistiram serão incentivados a refletirem e concluírem sobre o sucesso ou insucesso do que foi feito. São pessoas se relacionando, aprendendo, mudando e modificando o seu jeito de agir e trabalhar. Enfim, são pessoas se aprontando para construção de novos conhecimentos e geração de novos dados e informações, novas matérias primas para a organização.
Concluindo: o conhecimento está no cotidiano do trabalho de uma organização; transformar este cotidiano em patrimônio compartilhado é o grande desafio das chamadas organizações que aprendem.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Dorival,
    Parabéns pela iniciativa em compartilhar seu conhecimento a respeito do tema Gestão do Conhecimento.

    Como todos nós sabemos, atualmente é fácil registrar imagens e produzir vídeos. Afinal, todos os dispositivos móveis possuem câmeras e não há praticamente ninguém que não tenha um celular. Aliás, pelo contrário, pois segundo o site da Teleco, em novembro de 2012 o número de celulares foi de 260 milhões. http://www.teleco.com.br/ncel.asp

    Isso me leva a acreditar que não nos falta tecnologia. Por outro lado, faltam ainda alguns pontos relevantes no processo de registrar e compartilhar o conhecimento:
    Muitas empresas ainda não se deram conta do “poder” daquilo que está somente na “cabeça das pessoas”. Ainda existe muita crença nos processos formais da empresa como, por exemplo: instruções de trabalho, políticas, diretrizes entre outras.
    Outras empresas, no entanto, que já estão cientes da relevância da gestão do conhecimento para tornar os negócios mais competitivos e arrojados, não conseguem se “organizar direito” e possuem pouca ou nenhuma competência para potencializar a iniciativa.
    E, por último, acredito que as pessoas (nós que estamos diariamente nas empresas) estamos diante de tantas demandas e outros processos burocráticos que nos tomam o tempo – o que nos impede de incluir mais uma atividade que, diga-se de passagem, é talvez muito mais estratégica que preencher relatórios de vendas.

    Isso sem falar que muitas pessoas não têm interesse em compartilhar o que sabem pelo “medo de perder o cargo que ocupam”. Ainda vivemos sim num mundo onde conhecimento individual é sinônimo de poder.

    Tenho uma pequena experiência nesse campo de gestão do conhecimento, pois pesquisei sobre este assunto para concluir minha especialização pela PUC do Rio Grande do Sul. Meu TCC foi acerca do compartilhamento de conhecimento corporativo entre gestores. Fiz um estudo de caso e apliquei uma pesquisa qualitativa. Os resultados mostraram que as pessoas ainda esperam, de fato, que as organizações estimulem o compartilhamento do conhecimento e, se possível, exista reconhecimento para isso.

    Caso queira ter acesso ao TCC, por favor, me avise.

    Um grande abraço.

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