1. Onde estamos?
A crise é desconfortável. Gera
insegurança e inquietude. Mas também gera, inevitavelmente, mudança e
movimento. Não existem posições empresariais ou profissionais que estejam
imunes a seus efeitos. E, por isso mesmo, a crise nivela o desconforto….
A consequência é um estado de
alerta compartilhado, uma espécie de código de sobrevivência não explicito, mas
real. Todos nós já estamos cansados (na verdade, exaustos) das lamúrias e das
análises catastróficas dos cenaristas de plantão.
E também desconfiamos cada vez
mais dos simplistas da fé, aqueles que negam as dificuldades em nome de um
Brasil “potencial”, aquele mesmo “gigante adormecido” do século passado, que
ainda continua em estado letárgico, residindo em algum grotão desconhecido.
Diante desse quadro, qual a saída? Os humoristas do saudoso Pasquim diriam que
a única saída é o Aeroporto do Galeão…
Mas, piadas a parte, é urgente
o resgate, em cada um de nós, de um núcleo de valores capaz de nos guiar na
insegurança, no desconforto, na inquietude. É uma construção pessoal, mas, ao
mesmo tempo, deve ser compartilhada, na esperança de estabelecer o tal código
de sobrevivência já mencionado.
2. Para aonde vamos?
A série de artigos que hoje
iniciamos, Liderar na crise, tem o pressuposto defendido no parágrafo anterior.
Os autores são profissionais de consultoria com larga experiência na área de
educação e gestão de pessoas, acumulando diversas práticas de desenvolvimento
humano e organizacional. A intenção é agregar ideias, opiniões, conceitos e
proposições, dentro de um foco especifico: o líder e o seu universo de
influência e ação, num momento preocupante e crítico para as pessoas e
organizações. O titulo desse bloco (Para aonde vamos?) é a âncora que dará
sustentação à defesa de alternativas e hipóteses de desdobramento do chamado
“Momento Brasil” para as dimensões de Liderança e Gestão.
Para aonde vamos com a perda
quase completa das referências éticas nas relações do Poder Publico com a
comunidade empresarial e com a própria sociedade? Para aonde vamos com o atraso
histórico dos padrões de educação fundamental no Brasil? Para aonde vamos, numa
dimensão oposta, com o sucesso do empreendedorismo dos jovens talentos das
gerações Y e Z, criando um universo de possibilidades criativas? Para aonde
vamos com a elevação da consciência politica das ruas, com os movimentos
espontâneos e ordeiros?
Em síntese, para aonde vamos
com esse novo Brasil que abre espaço para um novo modelo de liderança, pautado
pelo sofrido aprendizado com as dificuldades que ainda nos atormentam?
3. Como vamos?
E afinal, se todos concordamos
com a avaliação crítica do item 1 (Onde estamos?) e se nos enxergamos nos
questionamentos do item 2 (Para aonde vamos?), podemos avançar para o bloco 3:
Como vamos?
De que maneira definir
prioridades, num contexto de incertezas e ambiguidades? Se eu sou um líder com
uma posição intermediaria na hierarquia de uma empresa, como tomar decisões que
afetam as pessoas e, muitas vezes, as colocam no desemprego e, mesmo assim,
manter o comprometimento com a alta direção? Como mobilizar esforços para a
melhoria de produtividade, a redução consistente de custos, a otimização de
receitas? E tudo isso com o engajamento positivo das pessoas e equipes? Como me
manter atualizado e com uma visão universal dos fatos, se minha agenda é tomada
pelo aqui-e-agora, as ações táticas e operacionais do dia-a-dia?
Esses são exemplos de temas que
iremos explorar nesta série especial. Esperamos contribuir com esses novos
tempos de turbulência que, como já dissemos, traz inquietudes mas também podem
trazer novas percepções, novos olhares e novos saberes.
MELHOR e o Instituto Vida e Carreira
trazem a série de artigos Liderar na
Crise com ideias, opiniões, conceitos e proposições, dentro de um foco especifico:
o líder e o seu universo de influência e ação, num momento preocupante e
crítico para as pessoas e organizações
Texto publicado originalmente no
site da Revista
Melhor em 12/05/2016