Em tempos de Copa do Mundo é interessante promover uma rápida
reflexão sobre as estratégias e posicionamentos de negócios no Brasil (de uma
maneira geral) e a linguagem futebolística.
A primeira reflexão é sobre a própria conceituação adotada em
exercícios de posicionamento das empresas: o conceito de Estratégia se resume a
“onde jogar e como ganhar”, uma
síntese igualmente importante para os técnicos e dirigentes esportivos.
Em outras palavras, trata-se de definir a chamada arena
competitiva (onde jogar) e a formulação de um esquema tático (como ganhar).
Parece simples, mas como acontece com notória frequência, as
aparências enganam...
Em primeiro lugar porque a escolha da arena competitiva, na
dimensão organizacional, por si só é um desafio de inteligência empresarial que
traz consigo a exigência de uma série de conhecimentos especializados sobre o
mercado, os players desse mercado,
suas potencialidades e fragilidades, enfim, todos os fundamentos e premissas
para a construção de um desenho de entrada nesse mercado, o famoso Business Plan.
Logo em seguida vem a pergunta de um milhão de dólares: como
ganhar? É claro que a etapa de inteligência empresarial já dará indicações de
esquemas táticos que serão úteis para os próximos passos do planejamento. Mas a
essência dessa pergunta remete a um outro questionamento: os demais
competidores da arena não estarão brigando com as mesmas armas?
Qual o grau de segurança de que estaremos jogando de uma forma
diferenciada, difícil de ser copiada e com boas chances de “fazer escola” no
cenário competitivo?
Não é exatamente essa surpresa tática a característica que
prevalece nos times vencedores como o Bayern de Munique, o Barcelona e o Real
Madrid?
E como é possível relacionar os estágios de diferenciação desses
times com o mundo empresarial?
Uma boa pista é a força mobilizadora que uma empresa pode
empreender para surpreender e virar o jogo. Sair da posição tradicional do
mercado, da mesmice repetitiva e criar uma proposta inovadora, capaz de chamar
para si a responsabilidade de um novo padrão de exigência, um patamar mais
elevado de pensar, agir e realizar.
É claro que “ganhar o jogo” continuará sendo primordial. Mas o
jogo a ser jogado será outro, bem diferente das regras comuns e tradicionais.
É o que está acontecendo com centenas de empresas, boa parte concentrada
nos Estados Unidos, e que se autodenominam “Games
Changers”, as organizações que estão mudando para valer as regras do jogo
na forma de fazer negócios e gerar lucros.
Um fenômeno recente (pouco mais de dois anos), esse movimento
começa a ganhar repercussão no Brasil, agregando empresas do porte de uma
Itaipu Binacional e a CPFL Energias Renováveis. Nos Estados Unidos Despontam
empresas como Google, Virgin e Facebook.
No próximo artigo voltaremos a esse tema que pode sinalizar o
surgimento de uma nova comunidade global de pensamento empresarial.