terça-feira, 4 de outubro de 2016

Promessa de Sempre


O Brasil é o mais antigo país do futuro em todo o mundo
Millôr Fernandes, com seu humor certeiro, criou a frase que compõe a linha abaixo do título. Parece uma piada repetitiva, mas o paradoxo da produtividade é o nosso eterno calcanhar de Aquiles no contexto global. O aparente paradoxo é que diversos grupos empresariais estão indo além de nossas fronteiras e ganham novas posições e competências globais. Mas a baixa produtividade teima em perdurar na maioria dos setores econômicos, configurando um enigma de como transformar esse estado de coisas.  Se focarmos as atividades e serviços do setor público, aí sim esse cenário é devastador. Em algumas obras públicas, dezenas de trabalhadores agem de forma inercial, enquanto poucos abnegados tentam fazer algo produtivo. Parece um teatro do absurdo, algo praticamente inexistente em qualquer país europeu ou em boa parte das Américas.
O que passa pela cabeça do trabalhador brasileiro com esse perfil?  Que o espírito da indolência dá conta do recado em termos de resultados do seu trabalho? Ou o que falta é uma ação objetiva e assertiva das lideranças para a tomada de consciência da força de trabalho de que esse comportamento é um “tiro no pé”?
É claro que as raízes da baixa produtividade não são exclusivas desse tipo de comportamento preguiçoso. A maior parte dessas mazelas tem a ver com o chamado “custo Brasil”, um círculo vicioso de péssimas condições de infraestrutura, déficits educacionais históricos, custos fiscais e tributários desproporcionais à contrapartida de benefícios, descuidos em investimentos na inovação e a desqualificação do trabalhador médio brasileiro.
Esse quadro explica a posição rotineira do Brasil no ranking mundial da produtividade. É humilhante a comparação com os Estados Unidos: são necessários quatro trabalhadores brasileiros para dar conta do que produz um único trabalhador americano.
A realidade é que ignoramos a frase do Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, quando diz que “produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo”.
O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, divulgou recentemente um estudo sobre o tema da produtividade, que merece ser lido. Estamos longe de generalizar a conclusão de que somos o “patinho feio” da eficiência produtiva. Mas os números negativos configuram um sinal de alarme: é urgente que acionemos a famosa capacidade brasileira de virar o jogo, independentemente das condições do campo e da competência do juiz. O nosso espírito de autodeterminação, a vontade transformada em iniciativas, as dificuldades encaradas como um desafio de superação, tudo isso deve conjugar para um movimento articulado de mudança. 

É o momento do tal “país do futuro” provar que o nosso tempo imediato é o aqui e agora. E que nós, líderes de pessoas e de processos, podemos fazer o nosso ponto da virada.