Quem tem medo da Gestão Do
Conhecimento?
O questionamento acima nasceu
durante uma reunião de prospecção. Na conversa com o diretor de RH, apontamos a
gestão do conhecimento (GC) como uma das soluções para o cenário que ele nos
apresentava. A resposta dada com temor foi: “Nunca consegui entender esse
conceito”.
A lembrança da reação do gestor
martelava nossas cabeças. Por que ele reagiu daquela forma? Que receios ele
teria a respeito da GC? O que gera mais temor: a gestão, o conhecimento, a expressão?
Não se vê reações parecidas quando se fala em gestão de processos ou gestão de
pessoas. E por que com GC emerge um receio tão expressivo? Nossa aposta é: pode
não existir desconhecimento do que seja gestão do conhecimento, mas há o temor
em deixar clara a incapacidade da gestão de informações.
Alguns podem não saber, ou até
negar, mas grande parte do dia é gasta com manipulação de dados e informações.
Por que, então, não estruturar esse trabalho e fazer GC como método e ciência?
Para tanto, algumas premissas são relevantes. A primeira: GC é uma abordagem
que pressupõe a permanente possibilidade de construção do conhecimento, que é a
adição de inteligência e criação de conexões com dados e informações para
produção de algo que terá relevância para outros dentro da cadeia de valor.
A segunda: não há construção do
conhecimento sem autonomia, que não é fazer o que se quer ou o que se tem
vontade, é fazer, de um jeito muito próprio, algo que contribuirá para que a
organização atinja seu objetivo declarado e conhecido. O gestor do conhecimento
deve se esforçar para que todos tenham a percepção do todo e uma visão comum
dos objetivos e metas a serem atingidos.
Autonomia, também, pressupõe
uma organização horizontal onde as decisões são tomadas a partir de informações
estruturadas e da construção do conhecimento, e não mais pelo binômio comando e
controle. Uma organização voltada para a GC está se soltando das amarras do
comando e controle e valorizando o que há de novo.
A terceira e última: GC é
processo e, essencialmente, orgânico – envolve, em 100%, pessoas. Portanto, é a
negação absoluta da visão mecanicista da organização. Nessa abordagem holística
do conhecimento, enxerga-se uma empresa não como uma máquina, mas como um
organismo vivo que desenvolve senso de identidade e propósito coletivo.
Traço, aliás, de extrema
importância na atualidade, pois num mundo caracterizado pela volatilidade,
incerteza, complexidade e ambiguidade, a GC é capaz de catalisar competências,
necessidades e soluções que possibilitam a melhor gestão das organizações.
Quem não faz GC dificilmente
consegue fazer inovação de forma estruturada, consistente e capaz de disseminar
as informações e rapidamente incorporá-las em novas tecnologias e produtos. Em
outras palavras, é incapaz de fazer inovação contínua. E aí? Você ainda
acredita que tenha motivos para ter receio da gestão do conhecimento?
Texto
escrito em coautoria com Walter Alves