quinta-feira, 29 de maio de 2014

Análise de Problemas e Tomada de Decisão – a importância de identificar os sinais de mudança




Artigo publicado originalmente no Blog da Ciatech


“O sinal e o ruído; por que tantas previsões falham e outras não” é um livro recente (2012), de Nate Silver, jornalista incluído na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, em 2009.

O livro é um verdadeiro exercício de reflexão sobre a complexa questão da previsibilidade e dos motivos que levam boa parte da produção de cenários para a vala comum dos desacertos.

Um “saudável ceticismo” é indicado pelo autor como uma forma de manter a criticidade sobre as projeções de futuro, embora ele próprio, de forma contraditória, é um verdadeiro “craque” em previsões (acertou que Barack Obama venceria as eleições e entre 2008 e 2012 foi certeiro ao indicar os resultados eleitorais em 49 dos 50 estados americanos).

A interpretação correta de dados e informações é o ponto defendido por Nate Silver para a maior habilidade de planejar o futuro e elaborar hipóteses de cenários.

A rapidez exigida nos tempos atuais para se tomar decisões críticas vai, entretanto, na contramão dessa recomendação.

Como lidar com a incerteza e a volatilidade das informações e mesmo assim formular uma análise consistente de problemas?

E como tomar decisões com uma margem razoável de segurança, em meio a um contexto mutante e em permanente oscilação?

A leitura do livro reforça um caminho: saiba separar o “joio do trigo”, o que são ruídos e o que são sinais.

Ruídos são os dados e informações que podem ser volumosos, mas não são sustentáveis no tempo por não terem consistência e conexão entre si.

Já os sinais são elementos integrados de informações que vão, com o tempo, constituindo uma forte tendência de probabilidade.

Claro que a distinção entre ruídos e sinais depende bastante da capacidade analítica das informações e até de uma competência distintiva de ir além das informações, adicionando juízo crítico ao processo de análise.

De qualquer forma, a provocação do livro é saudável e agrega um avanço na dinâmica de análise de problemas e tomada de decisão.



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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Drops Gerenciais na Melhor




Walter White, inicialmente, é um personagem corriqueiro, um lugar-comum de cidadão honesto, dedicado e ordeiro. Professor de Química de uma escola de ensino médio em Albuquerque, no Novo México, Estados Unidos, Walt descobre repentinamente que tem um câncer terminal. E a coisa não para por aí: como se não bastasse a triste notícia, ele percebe que tem de dar conta dos altos custos do tratamento do câncer.

Esse começo de roteiro, aliado ao fato de Walt ter um filho adolescente que teve paralisia cerebral no nascimento, dá o tom de uma série de TV, vencedora do mais recente prêmio Globo de Ouro. A série é, também, muito interessante para extrair lições conectadas ao desafio de gerenciar e entender o comportamento das pessoas em situações de extrema pressão e, particularmente para os líderes, provocar a inquietação de como lidar com as mutações repentinas de estilo e humor das pessoas no trabalho.

Breaking Bad é uma expressão que pode ser traduzida por “ficando pior” ou “chutando o balde”, na gíria, e que se aplica ao personagem Walter White (nome curiosamente próximo do chamado “poeta da América”, Walt Whitman morto em 1892 e que além de acompanhar o personagem principal ao longo de toda a série é a chave para o desfecho das 5 temporadas).

Quebrando a regularidade dos seus padrões de conduta, Walt (o personagem), num determinado momento da série, se transfigura e entra num jogo perigoso com traficantes da pesada, montando um laboratório para “cozinhar” a droga e assim garantir renda e o futuro de sua família. Sua vida, é claro, dá algumas cambalhotas e, a cada contexto de mudança e aumento de pressão, o personagem faz jus ao título da série (“ficando pior” e “chutando o balde”).

“O homem é o homem e suas circunstâncias”, já dizia Ortega y Gasset. É sempre bom lembrar que a assim chamada normalidade de conduta é uma fotografia, um instantâneo, que pode ser alterada ao sabor das circunstâncias, gerando uma nova conduta, ditada por um novo (e inesperado) caráter.

As mutações de perfil, crenças e comportamentos são, muitas vezes, provocadas por situações inusitadas, repentinas e carregadas de estresse. E não há nenhuma “receita de bolo” que ajude qualquer pessoa a lidar com as consequências dessas mudanças. Fazendo um paralelo com o mundo corporativo, é uma questão de sensibilidade e de muita habilidade do líder, ou gestor, para a compreensão do contexto e ações decorrentes.

O fundamental para a ação do líder é entender que o caráter (“conjunto de traços psicológicos e morais que caracterizam um indivíduo”, segundo Houaiss) não tem um “modelito” possível. Ao contrário, o ser humano é imensamente complexo e desconhecido, até que apareçam os contextos de extrema pressão para que ele se revele.

Nesses momentos, pode submergir um “Walter White” inesperado, fora de todos os padrões de regularidade de um cidadão comum...


A inquietação final pode ser resumida numa pergunta: Quantos Walter Whites existirão por aí, nos ambientes empresariais?

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Take Five 12 - Um livro, dois CD e um restaurante

O livro
Parece mentira: Economia e  Produtividade, num livro fácil e gostoso de ler.




Complacência - Entenda por que o Brasil cresce menos do que pode

Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman

Editora: Elsevier Trade

Na Livraria Cultura R$69,90








Complacência - Entenda por que o Brasil cresce menos do que pode - Trata-se de um fenômeno literário raríssimo...
Imagine toda a complicação do cenário econômico brasileiro descrito e interpretado de um jeito descomplicado.

A bonança internacional que vigorou por mais de 10 anos (durante o governo Lula) dá lugar a uma nova realidade, bem mais competitiva e complexa. Como anda o Brasil diante deste contexto?

Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, ambos economistas experientes, elaboram uma agenda de reformas imprescindíveis para o nosso país corrigir as diversas mazelas do seu desenvolvimento. São 15 capítulos escritos de uma forma direta, consistente e - surpresa - bem humorada.

Há uma citação, dentre as inúmeras do livro, de autoria do mestre Millôr Fernandes: “alguns livros são do tipo que, quando você os larga, não consegue pegar mais”. Complacência, sem dúvida, não é desse tipo...


Os CD
A música popular brasileira, felizmente, tem - de uns tempos para cá - uma imensa geração de novos talentos, tanto intérpretes quanto compositores.

A “velha-guarda”, entretanto, continua ativa e maravilhosa. Nana Caymmi e Milton Nascimento são dois exemplos notáveis.

Nana, mais do que Milton, tem um vasto repertório de CD, mas mesmo assim consegue inovar com um lançamento. Os duetos são de tirar o chapéu: Chico Buarque, Tom Jobim, Dorival Caymmi (claro!), um incrível bolero com Ângela Maria (“Estava Escrito”, de Lourival Faissal).






Nana Caymmi - Duetos


Distribuidora: Som Livre

Na Livraria Cultura R$11,90





Milton vai no mesmo pique, com o CD “Tudo o que podia ser”. Parceiros do porte de Clementina de Jesus, Marcos Valle (com a belíssima “Viola Enluarada”) e até Mercedes Sosa com a clássica “Volver a los 17”.





Milton Nascimento - Tudo Que Você Podia Ser

Distribuidora: Universal


Na Livraria Cultura R$11,90





Duas estrelas da MPB que sempre vale a pena revisitar e curtir.



O restaurante
Por falar em revisitar, a nossa dica de restaurante é mais do que uma revisita, é uma verdadeira volta ao passado, precisamente 60 anos atrás. Trata-se do Acrópoles, um dos primeiros restaurantes gregos de São Paulo e até hoje um clássico nesse tipo de comida.


Acrópoles na Rua da Graça, 364 na cidade de São Paulo - (11) 3223-4386


Localizado no bairro do Bom Retiro o Acrópoles tem poucos itens no cardápio, todos dispostos numa bancada na pequena cozinha e sempre servidos em porções generosas.





O fundador, com 93 anos de idade, continua presente, simpático e tagarela com suas histórias e passagens dos velhos tempos. Afinal, ele tem todo o direito!