O volume de informações e os múltiplos canais de acesso
disponíveis constituem atualmente um novo dado da realidade: é possível e
relativamente fácil dispor de uma riqueza enorme de recursos de informação. Por
outro lado, esse mesmo volume representa uma grande dificuldade para o bom uso
dessas informações. Ou seja, a quantidade não irá gerar necessariamente o
padrão de excelência e qualidade de uso dos recursos.
Diante dessa premissa é interessante conhecer a abordagem
das competências globais, uma síntese altamente proveitosa para o líder
construir uma trilha de desenvolvimento alinhada com as demandas da atualidade.
Três exemplos de
Competências Globais
Longe da pretensão de esgotar o assunto, mas sim como uma
provocação para autoanálise da liderança, descrevemos sucintamente algumas das
chamadas competências críticas numa perspectiva ampla e global.
1 - Capacidade de
colaboração e cocriação a distância e em rede (Global Knowledge Network)
A sociedade do conhecimento evolui e se renova
continuamente. Um dos canais frequentemente ativados nessa dinâmica são os
fóruns (chats) de debates, os grupos focais e as comunidades de práticas.
Encontros virtuais e intercâmbios a distância prevalecem
como uma alternativa prática e de baixo custo.
Saber interagir nessa rede de cocriação é uma competência
vital para o líder afinado com os novos tempos.
Para muitos desses líderes trata-se de novo desafio de
aprendizagem e de adaptação ativa a um verdadeiro laboratório de inovação e
crescimento pessoal e profissional.
2 - Sincronização
Organizacional
O conceito básico da sincronização diz respeito à
necessidade de harmonizar e alinhar as estratégias internas (processos,
sistemas, práticas e políticas) e estratégias externas (posicionamento,
propósito e proposta de valor).
As mudanças exigidas por esse sincronismo devem ser
gerenciadas de forma integrada, a partir do diagnóstico dos fatores humanos,
técnicos, tecnológicos, políticos e financeiros.
A competência que irá se configurar desse diagnóstico será
fortemente direcionada para a regência da mudança, tanto dos aspectos
humanísticos (atitudes, sistema de crenças e valores) quanto das dimensões
estruturais e institucionais (modelo do negócio, sistema de gestão,
planejamento, controle e governança dentre outros).
O líder, nesse contexto, terá que localizar com maior
clareza seu papel e suas responsabilidades, além de entender o negócio e a
empresa como uma Rede de Valor, com os processos e atribuições setoriais
interconectados.
3 - Domínio do inglês
O terceiro exemplo de Competências Globais é tão simples
quanto relevante.
O domínio do inglês como ferramenta de trabalho é
sabidamente um aspecto fundamental nos ambientes globais.
O incrível nesta história é a lentidão com que boa parte dos
líderes ainda não perceberam a inevitabilidade desse aprendizado.
E não é só entre os mais avançados na idade, onde essa
dificuldade é relativamente compreensível; mesmo entre os jovens a destreza no
inglês é um ponto diferenciado dos bem-formados e aqueles que puderam vivenciar
períodos de estudos no exterior.
Acontece que a arena global de negócios, a proliferação das
multinacionais e a exigência de exposição dos executivos em conferências,
reuniões e negociações internacionais tornaram a fluência no inglês um
pré-requisito quase que banalizado.
Persistir na desconsideração dessa realidade é um empecilho
costumeiro para os profissionais que têm um forte potencial de competências em
outras dimensões de trabalho mas que simplesmente “travam” quando são colocados
em contextos que exigem o domínio da língua inglesa.
Conclusão
É claro que esse tema das competências globais vai além dos
exemplos aqui explorados, mas é suficiente o exercício de reflexão do líder
sobre os três aspectos deste texto.
Até porque os próximos exemplos irão exigir muito mais... é
o caso das competências de Liderança Diretiva Internacional (o líder dos
líderes, em ambientes de negócios no exterior) ou, ainda, a Análise de Sistemas
Complexos (a capacidade de decompor situações-problema em módulos de
interpretação e resolução parcial, até alcançar a solução multidimensional).
O que significa que, para se obter ganhos significativos de
aprendizagem, precisamos do empenho e concentração no desenvolvimento das
competências críticas que irão sedimentar a elevação do nível de dificuldade
inerente a cada competência complementar.
Esse é o caminho para o líder que busca viabilizar seu
espaço num mundo cada vez mais competitivo, conectado e inter-relacionado.
Adaptado dos conceitos do Prof. Miguel Cárdenas da San Diego
Global Knowledge University