terça-feira, 1 de março de 2016

Estamos na década perdida?


RH precisa influenciar os movimentos de inovação nas organizações
Em tempos de crise sem perspectivas de reversão, todos nós, profissionais de recursos humanos, corremos o risco de assumir níveis desnecessários de cautela, desenvolvendo, mesmo sem perceber, um conservadorismo precoce, a defesa de posições que até mesmo os acionistas ou os principais dirigentes da organização ficam reticentes em patrocinar.
Não há nada mais contaminador do que a desesperança. E, convenhamos, existem inúmeros fatos nos ambientes político, econômico e social do país que dão respaldo à nossa falta de esperança. Nesses momentos, entretanto, é que precisamos reverter o ciclo negativo e encontrar, de forma consistente e pragmática, um caminho de superação.
E esse caminho pode estar latente, disponível e forte o suficiente para renovar a capacidade mobilizadora de recursos humanos. Um exemplo: a inovação. Embora aparentemente fora do contexto dos momentos de crise, o espírito inovador pode ser a resposta para o sentimento de “década perdida” que vem contaminando os analistas de cenários no Brasil e que tem respaldo suficiente para negativar nossas esperanças.
Pode-se até argumentar que o tema inovação não é responsabilidade funcional de RH. Pode ser, mas é exatamente por esse motivo que devemos influenciar a empresa como um todo para “sacudir a poeira” dos clichês e provocar novas formas de pensar e agir em meio às dificuldades.
Afinal é nossa missão a busca e o desenvolvimento permanente das competências vitais do negócio e das pessoas, não é isso? Pois, então, a competência crítica na turbulência é sair da turbulência...
E o espírito inovador, estimulado e disseminado pela área de RH, pode ser o oxigênio para a transição do modelo de negócio, a ampliação da competitividade, a melhoria da produtividade.
Por onde começar? Pelo macrodesenho da inovação possível. Talvez seja mesmo fora do contexto a inovação disruptiva, a “tempestade eterna da destruição criadora” como profetizava Joseph Schumpeter, renomado economista austríaco da primeira metade do século 20. Mas é bastante razoável estabelecer ganhos progressivos de eficiência e de motivação por caminhos criativos e novas formas de encarar a realidade.
Como dizia Henry Kissinger (velha raposa na história governamental dos EUA) “a ausência de alternativas clarifica maravilhosamente a mente”.
O contexto de dificuldades do nosso “momento Brasil” pode reproduzir exatamente esse quadro: a falta (aparente) de alternativas pode gerar saídas inovadoras e gratificantes para as pessoas e para as organizações.

É tempo de renovação e de quebra das contaminações pessimistas. Não existe “década perdida” no Brasil e sim o risco da desesperança. Vamos reverter esse risco e retomar a autoconfiança do RH.