sexta-feira, 22 de maio de 2015

Controle em um ambiente sem ele


Momentos de incertezas do aspecto político, econômico e social do país serão abordados no CONARH

Um grupo de profissionais de alta competência vem desenhando, voluntariamente, a grade de temas e palestras para o próximo Congresso Nacional de Recursos Humanos, o CONARH. Não é tarefa simples. É muita responsabilidade atrair e manter a atenção de mais de três mil congressistas, dos mais diferentes setores de atividade e regiões brasileiras. Com o agravante de estarmos “surfando” as ondas mais desafiadoras já vividas pelo Brasil, nos planos social, econômico e político.

Desnecessário lembrar que, até agosto deste ano, quando acontecerá nosso congresso, o acirramento dos movimentos populares e os impactos da crise ética e econômica são imprevisíveis.

Em sintonia com esse contexto, o tema-âncora do CONARH 2015 será A arte da gestão de pessoas - desafios, incertezas e complexidades. É fundamental recorrer à sensibilidade e inspiração da arte para encontrar caminhos alternativos ao que estamos chamando de “movimento Brasil”. Um momento de inquietação, onde prevalecem as perguntas às respostas.

Vem daí o sentido do título: como ter autocontrole em um ambiente sem controle? Há uma contribuição de resposta na revista Época Negócios, edição de março, com uma matéria da qual participam 16 presidentes de empresas de diversos setores. São oito duplas, compondo entrevistadores e entrevistados, e todos acabam por encaixar algumas questões sobre o contexto de dificuldades do Brasil.

A boa notícia é que a unanimidade dos entrevistados demonstra um forte autocontrole, a partir de uma crítica ao momento e aos governantes, mas com um olhar projetivo. Nessa projeção (quase sempre para 2017 em diante) o Brasil volta a ter espaço de crescimento e de empreendedorismo, com oportunidade de recuperação e ânimos revigorados de negócios.

Do ponto de vista da grande população, são visíveis a ansiedade e a pressão pela mudança. O momento é de transição para uma nova ordem econômica e social, um novo espírito de participação e cidadania. Um novo Brasil.

Como ter autocontrole em ambientes descontrolados como o atual? Os dirigentes de empresas entrevistados dão a pista: vá além na análise dos cenários imediatos, construa uma visão ampliada e consistente, que não ceda ao impulso derrotista. Não é otimismo ingênuo, é o autocontrole usado a favor de uma percepção positiva da realidade.


Estamos todos, Brasil e brasileiros, precisando cultivar esse espírito, independentemente das mazelas e dos descontroles de nossos governantes de plantão. Nós, profissionais de Recursos Humanos, temos um papel relevante nessa dinâmica: o resgate da confiança. Confiança de que somos capazes de virar o jogo e, cada um dentro das suas circunstâncias, assumir atitudes de um protagonismo cidadão, expressando opiniões críticas e gerando opções e caminhos. Afinal, como dizia Winston Churchill, “a atitude é uma pequena coisa, que faz uma grande diferença”.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Os vitoriosos são desequilibrados?



A defesa e a argumentação na busca de um ponto de equilíbrio entre as dimensões de vida e carreira é tese recorrente dos estudiosos do tema.

Recentemente, porém, um interlocutor de nossas relações - profissional experiente do mundo corporativo -, trouxe para o debate numa mesa-redonda uma provocação no sentido contrário: todos os indivíduos bem-sucedidos são, de alguma forma, desequilibrados.

Na percepção do nosso “provocador”, é estar no fio da navalha - onde trafegam os inquietos e desajustados -, a condição básica e a vitamina que impulsionam o êxito e as conquistas em qualquer campo pessoal e de atividade profissional.

Por esse ângulo, os grandes cineastas (Woody Allen ou Almodóvar, por exemplo) os artistas notáveis (Picasso, na pintura, Billie Holiday e Chet Baker, na música, e outros, vivos ou não) seriam geniais não só por seu talento diferenciado, como também por seus desajustes e inquietações. Em outras palavras, pelo desequilíbrio, quase constante.

Os argumentos históricos e a pesquisa bibliográfica de vários personagens indicam, de fato, a procedência da citada provocação. O difícil é aceitar a generalização da tese. Afinal, não temos todas as informações sobre o caminho de compensação desses personagens nos seus desequilíbrios. A partir da premissa que todo desequilíbrio demanda a volta ao equilíbrio original, até para dar um certo “refresco” aos inquietos personagens.

Mas, voltando aos desequilibrados, será que o estilo de vida por eles adotado será sempre o de exaustão? Numa frenética busca de algo que eles próprios muitas vezes não sabem definir? Ou eles convivem com os sentimentos de impulso para a ação e, ao mesmo tempo, a sensação de vazio existencial pela falta de um propósito maior? Um significado essencial? Um rol de pessoas e coisas queridas com as quais se preocupar?

As respostas remetem à sabedoria de um H. L. Mencken: Para cada problema complexo, há uma solução que é simples, elegante e errada.

A complexidade pressupõe o convívio com a dualidade, a tolerância com as ambiguidades, a opção pelo sim pela raridade da escolha do não definitivo. Nesse aspecto é que volta à cena o valor do equilíbrio entre vida e carreira.

Diferentemente de nosso assertivo interlocutor, nós acreditamos ser essencial a atitude de prestar atenção ao seu papel profissional, mas também - ou principalmente -, à sua identidade de crenças e valores, ao seu circuito de relacionamentos, ao prazer do ócio e do tempo livre, dentre outros aspectos.


Os desequilibrados (vitoriosos ou não) que nos desculpem, mas o eixo da vida que vale a pena ser vivida demanda, sim, a busca do equilíbrio, mesmo que convivendo com muitos momentos de inquietação e desequilíbrios. Talvez seja exatamente esse ponto de equilíbrio a essência que todos nós buscamos no dia a dia, muitas vezes sem a percepção clara dessa busca.