quinta-feira, 19 de maio de 2016

O Nexo e as Incertezas



"O plano de batalha costuma ser a primeira vítima da guerra"

O conhecido escritor de literatura de negócios Ram Charam recupera, em seu livro Crescimento lucrativo (HSM, 2014), a frase citada acima. A intenção é pontuar que a gestão de riscos e de imprevistos em ambientes de incerteza (como são os ambientes de guerra) é uma competência tão difícil quanto imprescindível.

Na verdade, mais do que nunca, o velho e bom plano B vem recuperando prestígio e espaço destacado nas reflexões gerenciais e nas tomadas de decisões das lideranças. As verdades definitivas e as estratégias infalíveis dos grandes planos perderam definitivamente o bonde da história. A demanda atual pede dos dirigentes a capacidade de desenvolver alternativas e contar com a criatividade para repensar as ações táticas empresariais.

Ter um plano B (ou vários deles, dependendo da complexidade e abrangência do portfólio de negócios) é condição essencial de permanência no mercado. Nesse sentido, é bastante pertinente a leitura do livro O Marketing na Era do Nexo – novos caminhos num mundo de múltiplas opções, de autoria da dupla de publicitários Walter Longo e José Luiz Tavares (Editora Best Seller, 2008). Embora bastante enfático na exploração de conexões entre o chamado nexialismo e o mundo do marketing, o livro aborda diversas questões que extrapolam as simples associações entre esses campos.

Um exemplo defendido pelos autores é a necessidade de as empresas fortalecerem as interações entre as metas e planos de negócios com a história organizacional, a construção da marca e da identidade, a defesa e a prática de princípios e valores. Tudo isso transportado para o posicionamento competitivo e para a proposta de valor da empresa. Parece, num primeiro olhar, algo abstrato ou genérico, mas é exatamente o que fez a rede americana de supermercados Whole Foods, um colosso de produtividade e crescimento no varejo que transpôs para a prática organizacional e os processos de trabalho uma cultura de propósitos, um conjunto de valores e crenças que vem dando singularidade e competitividade marcante para o negócio. O curioso é que essa “pegada” da rede Whole Foods foi se firmando com o tempo.   Não foi o plano inicial dos empreendedores, mas sim um caminho natural e evolutivo de afirmação cultural.

Isso é o que podemos chamar de um plano B inteligente e oportuno. Uma resposta diferenciada para um mundo complexo que pede uma dose de ousadia e consistência na guerra de mercados.


Moral da história: ter um plano B não significa necessariamente adotar uma ruptura feroz de estratégia, mas sim rever o foco, a partir de uma análise crítica do ambiente competitivo.  Afinal, o que esperam os clientes de uma empresa além da mera relação de troca entre produtos e serviços e a devida remuneração por essa oferta? Os clientes esperam nexo, sentido, propósito, algo além do óbvio. Um processo de relação empresa/mercado que, com o tempo, estabelece uma clara proposta de valor atraente e singular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário