"O plano de batalha costuma ser a primeira vítima da guerra"
O conhecido escritor de literatura de negócios Ram Charam
recupera, em seu livro Crescimento lucrativo
(HSM, 2014), a frase citada acima. A intenção é pontuar que a gestão de riscos
e de imprevistos em ambientes de incerteza (como são os ambientes de guerra) é
uma competência tão difícil quanto imprescindível.
Na verdade, mais do que nunca, o velho e bom plano B vem
recuperando prestígio e espaço destacado nas reflexões gerenciais e nas tomadas
de decisões das lideranças. As verdades definitivas e as estratégias infalíveis
dos grandes planos perderam definitivamente o bonde da história. A demanda
atual pede dos dirigentes a capacidade de desenvolver alternativas e contar com
a criatividade para repensar as ações táticas empresariais.
Ter um plano B (ou vários deles, dependendo da complexidade
e abrangência do portfólio de negócios) é condição essencial de permanência no
mercado. Nesse sentido, é bastante pertinente a leitura do livro O Marketing na Era do Nexo – novos caminhos
num mundo de múltiplas opções, de autoria da dupla de publicitários Walter
Longo e José Luiz Tavares (Editora Best Seller, 2008). Embora bastante enfático
na exploração de conexões entre o chamado nexialismo e o mundo do marketing, o
livro aborda diversas questões que extrapolam as simples associações entre
esses campos.
Um exemplo defendido pelos autores é a necessidade de as
empresas fortalecerem as interações entre as metas e planos de negócios com a
história organizacional, a construção da marca e da identidade, a defesa e a
prática de princípios e valores. Tudo isso transportado para o posicionamento
competitivo e para a proposta de valor da empresa. Parece, num primeiro
olhar, algo abstrato ou genérico, mas é exatamente o que fez a rede americana
de supermercados Whole Foods, um colosso de produtividade e crescimento no
varejo que transpôs para a prática organizacional e os processos de trabalho
uma cultura de propósitos, um conjunto de valores e crenças que vem dando
singularidade e competitividade marcante para o negócio. O curioso é que essa
“pegada” da rede Whole Foods foi se firmando com o tempo. Não foi o
plano inicial dos empreendedores, mas sim um caminho natural e evolutivo de
afirmação cultural.
Isso é o que podemos chamar de um plano B inteligente e
oportuno. Uma resposta diferenciada para um mundo complexo que pede uma dose de
ousadia e consistência na guerra de mercados.
Moral da história: ter um plano B não significa necessariamente
adotar uma ruptura feroz de estratégia, mas sim rever o foco, a partir de uma
análise crítica do ambiente competitivo.
Afinal, o que esperam os clientes de uma empresa além da mera
relação de troca entre produtos e serviços e a devida remuneração por essa
oferta? Os clientes esperam nexo, sentido, propósito, algo além do óbvio. Um
processo de relação empresa/mercado que, com o tempo, estabelece uma clara
proposta de valor atraente e singular.
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