quinta-feira, 19 de maio de 2016

Um Suicídio do Cotidiano



A apatia não pode tomar o lugar da nossa indignação

Honoré de Balzac, escritor francês do século 19, criou a frase que dá título a este artigo. Com a agudeza de sua capacidade de observação sobre o comportamento humano, Balzac parece ter criado um alerta bastante propício para todos nós, que vivemos as agruras e os percalços de um ambiente econômico e político que saiu dos limites da normalidade.

Afinal, são tantas as pedras no caminho e tão necessária a reinvenção do modelo de governo no Brasil, que boa parte das pessoas vem perdendo a esperança. O risco de esse sentimento ser ampliado até o chamado “ponto de não retorno” é muito real. Em outras palavras, nossa indignação pode se transformar em apatia, o inconformismo ceder à desesperança.

É chegado o momento de perceber que podemos resgatar o poder de transformar nossa realidade, mesmo que a partir de um microcosmo de vida e trabalho. Cada um de nós tem a possibilidade de agir num ponto de mutação, capaz de gerar movimentos positivos e ampliados de adesão e engajamento.

São de comprovada eficiência os canais eletrônicos, o enorme potencial das redes de conexão na internet, a resposta imediata de um chamamento para a ação coletiva de pessoas e de instituições. Qual seria a bandeira para esse movimento? São muitas, desde o resgate da ética no meio político e empresarial, a falta de transparência dos gestores da coisa pública, o escárnio dos corruptos de plantão, que criam verdadeiras máfias de apropriação de recursos que, em última instância, são seus, são nossos. Não é possível que todo esse ambiente de desmandos crie em nós comportamento de impotência.

Por onde começar a transformação da realidade? A letargia diante das circunstâncias é um processo de contaminação, muitas vezes não percebido pelo contagiado. Assim:

  • Recupere a autocrítica e localize o fio da meada do seu desencanto: em que situação você se percebeu fragilizado?
  • Analise a situação anterior e defina o contexto: sua desmotivação é suficiente para a sua desmobilização?
  • Ou é possível admitir que na vida há marchas e contramarchas, avanços e dificuldades, forças e vulnerabilidades?
  • O ser humano é, essencialmente, movido por crenças e princípios. Fuja da famosa frase do humorista Groucho Marx: “Eis aqui os meus princípios. Se não gostarem, tenho outros”. Ironia não ajuda em nada a revitalização do seu ânimo.
  • Aliás, a raiz da palavra ânimo tem a ver com alma, você com você mesmo. Esse, sim, é um bom começo para a volta por cima.
  • Recompor suas crenças e perceber que o movimento de mudança começa em você mesmo.
  • Nada é durável, a não ser que seja incessantemente renovado, já dizia Charles de Gaulle (ex-presidente da França).


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