quinta-feira, 11 de julho de 2013

Dicas de Leitura - Sim à Desordem







Sim à Desordem
Lições Surpreendentes do Jazz para Líderes Contemporâneos
Frank Barrett
Editora Campus
Na Livraria Cultura R$ 59,90









Trechos do livro 

À primeira vista, este é um livro sobre improvisação no jazz. Entretanto, poucos dos que estão lendo essas palavras agora são músicos; e muitos sequer gostam de jazz - embora eu espere que uma consequência da lei­tura deste livro (não tão intencionalmente) seja o maior apreço por esse gênero musical. Trata-se, na realidade, de um livro sobre a mentalidade de liderança e os tipos de atividades e habilidades que ajudam os líderes a entender e facilitar o processo de inovação.

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Fiquei cada vez mais intrigado com a possibilidade de explorar a conexão entre minhas duas paixões - jazz e comportamento organizacional. Em agosto de 1995, na Academy of Management, em Vancouver, British Columbia, fiz uma parceria com Mary Jo Hatch para elaborar e facilitar uma sessão de palestras e uma mesa-redon­da sobre improvisação no jazz e complexidade organizacional. Karl Weick fazia parte da mesa-redonda. Os artigos que eu e outros par­ticipantes escrevemos para essa sessão foram publicados em uma edi­ção especial do periódico Organization Science, em 1998. Tanto a sessão de Vancouver quanto a edição especial da revista alimentaram ainda mais meu interesse pela questão da improvisação nas organiza­ções. Comecei a me basear na improvisação no jazz como forma de entender criatividade e inovação e desenvolvi módulos de educação executiva, utilizando a improvisação como perspectiva para entender o aprendizado organizacional e a inovação colaborativa. Fiquei sur­preso com o interesse que isso gerou.

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As empresas poderiam muito bem começar a seguir a cartilha do jazz. Quando as organizações ficam atoladas em uma concepção dominante, as pessoas ficam aprisionadas em funções específicas, e o dinamismo se perde. Este capítulo levanta a seguinte questão: Como os líderes empresariais podem seguir o exemplo dos jazzistas, deliberadamente quebrando rotinas como forma de “desaprender”, de se tornarem mais vivos, alertas e abertos a um horizonte de novas possibilidades?

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Como as organizações podem prosperar em um mundo marcado por mudanças aceleradas e pela incerteza? Ao desenvolver a capacidade de experimentar, aprender e inovar - em suma, ao adotar a improvisação estratégica. O modelo que envolve a improvisação coletiva de jazzistas constitui um exemplo claro e forte de como as pessoas e equipes po­dem se coordenar, ser produtivas e criar inovações surpreendentes, sem muitas das alavancas de controle das quais dependiam os profissionais de gestão na Era Industrial. Um modelo organizacional com base no improviso cria uma espécie de abertura, um convite à possibilidade, em lugar de uma tendência às limitações do controle.
Este livro é um convite aos líderes, para que adotem uma abordagem sólida à inovação, criem culturas vitais que estimulem a descoberta, em vez de seguirem a limitada previsibilidade do mundo conhecido. É um convite para que rompam com algumas das rígidas convenções que nor­teiam suas ações e experimentem transpor a fronteira da certeza. Dizer "sim à desordem" nos desafia a criar culturas, comunidades e organiza­ções engajadas, apaixonadas e imaginativas, em prol do progresso e do bem-estar de todo o sistema.
Os jazzistas buscam uma vida de receptividade radical. As demais pessoas atingirão seu melhor desempenho se fizerem o mesmo - quan­do se abrirem para o mundo, serão capazes de perceber horizontes de possibilidades cada vez maiores, totalmente envolvidos em habilidosas atividades, e viverão em contextos que exigem respostas que levam a novas descobertas. Como podemos nos organizar de modo a permitir que as pessoas atinjam a excelência? Essa é a pergunta que orienta a in­vestigação subjacente a este livro.

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O paradoxo da improvisação
Diz a crença popular que os jazzistas são gênios ignorantes, que tocam instrumentos como se estivessem apanhando as notas no ar. Entretanto, estudos sobre jazz mostram que a arte é muito complexa - resultado da busca incessante de aprendizado e de imaginação disciplinada. São a bus­ca incessante e imaginação disciplinada, não a genialidade em si, que permitem aos jazzistas improvisar - do latim improvisus, que significa "imprevisto" -, e é a improvisação, que se tornou a marca registrada, que define essa forma de arte.      
Como os jazzistas aprendem a improvisar? Da mesma maneira que aprendi com meu avô, e que os bebês aprendem a falar: ouvindo padrões, observando gestos, repetindo e imitando. Os jazzistas formam um vocabulário de frases e padrões imitando, repetindo e memorizando os solos e frases dos mestres, até se tornarem parte de seu repertório de "licks", ou padrões melódicos.  
Há uma ironia aqui, é claro. O objetivo da improvisação é ser consciente e criativa, ter ideias imediatas que respondam ao que está acontecendo no momento, mas o caminho até a adaptação consciente passa pela imitação, pois, como o jazzista aprende, às vezes a única opção é recorrer aos padrões aprendidos inconscientemente.

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Rompendo o silêncio
O melhor aprendizado organizacional envolve aceitar uma mentalidade em que ocorre um rodízio entre os que solam e os que acompanham. Para isso, os líderes precisam dominar a arte de liderar e de seguir, tal como os músicos de uma banda de jazz. A simples prática do revezamento de papéis cria uma estrutura de mutualidade que garante a participação, in­clusão, propriedade compartilhada e o diálogo organizacional, que podem levar à capacidade dinâmica nas organizações, exatamente como no jazz. Alimentar essa mentalidade também permite a expressão de novas ideias vindas de pessoas cujas vozes foram tradicionalmente silenciadas.

Um comentário:

  1. Excelente material!

    Acredito que é na diversidade que encontramos ótimas oportunidades de criação dos saberes. Afinal, compartilhando e aprendendo!!
    Parabéns pelo post

    Abraços

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