Em entrevista à Huma, o Consultor em Educação Corporativa, Dorival
Donadão discute sobre as competências essenciais de um líder
Huma: Quais os desafios dos líderes nos dias atuais?
Dorival Donadão: O desafio em tempos de incerteza e de
ambiguidades, exatamente como os tempos atuais, é de sustentar uma causa, um
propósito.
Claro que essa causa deve ir
muito além do obvio, que é produzir resultados relevantes em um ambiente
desfavorável. Por isso, levando em conta o cenário de inquietude em que estamos
vivendo, precisamos de um propósito claro de direção e orientação.
Huma: Você acredita que o desinteresse e a falta de engajamento dos
funcionários são decorrentes da ineficiência da liderança?
Dorival Donadão: A apatia de muitos funcionários diante de
situações negativas só pode ser revertida por um fator: o exemplo do líder. As
pessoas observam o comportamento, o equilíbrio ou desequilíbrio, o ânimo ou o
desânimo que prevalecem nas atitudes cotidianas do chefe. E, claro, reproduzem
essas atitudes no trabalho muitas vezes, inconscientemente, sem perceber que
estão sendo contaminados. Então, o líder é, sim, um formador de opinião, de
percepções e de sentimentos. É um papel duro e difícil de desempenhar, mas são
características preponderantes do líder manter a garra e o ânimo renovado.
Huma: Como o líder pode motivar sua equipe? É necessário que antes
de tudo ele seja motivado?
Dorival Donadão: Atitude é um impulso para a ação que nasce no
interior de cada indivíduo. Ninguém, na verdade, motiva ninguém. O que se pode
(e deve) fazer quando se está numa posição de liderança, é estimular
positivamente as pessoas, demonstrando que é possível reverter dificuldades e
encontrar soluções criativas, mesmo com limitações de recursos, orçamento e
tempo.
Huma: Com que frequência um líder precisa dar feedbacks? Você
acredita que eles podem fortalecer o comprometimento da equipe?
Dorival Donadão: A prática efetiva e consistente do feedback é,
historicamente, um ponto falho na grande maioria dos executivos. E quanto mais
alta a posição curiosamente menos dificuldade demonstram esses executivos.
Então não é um problema de tempo na agenda, e sim de percepção de valor desta
habilidade por parte dos demais dirigentes. O aprendizado de um grande líder
demonstra que falar com as pessoas, reforçar avanços e pontuar falhas é uma
atitude educativa e agrega contribuições inestimáveis para quem participa do
processo. O ideal, inclusive, é que aconteça uma troca de feedbacks entre o
líder e os liderados. Só assim todos ganham novas percepções e novos
aprendizados.
Huma: Uma pesquisa realizada pelo Ibope, com mais de 600
profissionais brasileiros de grandes empresas, mostra que uma das coisas que
mais tira o sono de um líder é a falta de inovação. Quais dicas você deixa para
que os gestores consigam ajudar seus colaboradores a inovar?
Dorival Donadão: A inovação é um tema que deve ser repensado pelas
organizações. No entendimento geral, prevalece que a inovação deve ser radical,
de ruptura e mudanças expressivas. Quando, na verdade, a inovação viável deve
ser adotada até como um exercício de familiarização das metodologias, dos
processos e da gestão de mudanças. As pessoas resistem à inovação porque acham
que terão de se refazer por completo, adotar práticas excepcionais e
desconhecidas. Enfim, ser um super-homem capaz de criar uma nova ordem de
desempenho, força e coragem. Não é por aí. A inovação viável é aquela que
evolui com os inovadores, que aumenta seu grau de ousadia e inventividade com
os ganhos das conquistas anteriores.
Dorival Donadão é Consultor em
Educação Corporativa, Coaching e Alinhamento Estratégico. É formado em
Administração com especialização em RH e Marketing e também escreve para outras
revistas da área de gestão de pessoas.
Esta entrevista foi publicada,
originalmente, no site da Huma em http://www.lg.com.br/huma/mercado/lideranca-essencial-o-lider-diante-dos-cenarios-de-turbulencia
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